
( Foto: Fima Gelman)
Lábios que encontram outros lábios
num meio de caminho, como peregrinos
interrompendo a devoção, nem pobres
nem sábios numa embriaguez sem vinho
que silêncio os entontece quando
de súbito se tocam e, cegos ainda,
procuram a saída que o olhar esquece
num murmúrio de vagos segredos?
É de tarde, na melancolia turva
dos poentes, ouvindo um tocar de sinos
escorrer sob o azul dos céus quentes,
que essa imagem desce de agosto, ou
setembro, e se enrola sem desgosto
no chão obscuro desse amor que lembro.
Nuno Júdice
2 comentários:
A foto é muito intensa (para dizer uma banalidade...), sobretudo pela ideia de movimento dada por estar desfocada.
O soneto é uma pérola! Desconhecia-o. Bela escolha!
Beijinho! :-)
Olá Ric!
Ainda bem que gostaste :-) Ultimamente ando «na onda» Nuno Júdice e tenho sido agradavelmnete surpreendida. Aliás, este soneto é prova disso mesmo.
Beijinho :-)
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