sábado, 11 de agosto de 2007

|14| «Viagem»


(Foto: Surrealism)


"Iremos juntos separados,
as palavras mordidas uma a uma,
taciturnas, cintilantes
- ó meu amor, constelação de bruma,
ombro dos meus braços hesitantes.
Esquecidos, lembrados, repetidos
na boca dos amantes que se beijam
no alto dos navios;
desfeitos ambos, ambos inteiros,
no rasto dos peixes luminosos,
afogados na voz dos marinheiros."

Eugénio de Andrade



3 comentários:

lampejo disse...

Perante tamanho talento, beleza e sentimentalismo, só me resta beber as palavras deste e de outros belos poemas como este, e ficar no silêncio ...
Beijinhos!

João Roque disse...

Eugénio de Andrade, no seu melhor.
Beijinhos e bom domingo.

RIC disse...

... A «viagem», então, é sempre a mesma: por todo o lado, há vestígios dos amantes, porque a única viagem que realmente importa é a do amor. Todos a repetem.
Bom domingo!
Um beijinho à viajante! :-)