( Foto: Peter Torsal )
Que hoje era dia Internacional do Homem.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
|61| « Ausência»
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus
olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres
eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e
a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em
minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé
nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta
terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás
para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa
suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu
abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu,
das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA
olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres
eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e
a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em
minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé
nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta
terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás
para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa
suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu
abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu,
das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
segunda-feira, 19 de maio de 2008
segunda-feira, 24 de março de 2008
|58| As Mãos
( Foto: Shadow )
Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema - e são de terra
Com mãos se faz a guerra - e são de paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade
Ninguém pode vencer estas espadas
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, « O canto e as Armas», 1967
sexta-feira, 21 de março de 2008
|57| Dia Mundial da Poesia
( Foto : Rosalie Denik )
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
«Urgentemente», Eugénio de Andrade.
sexta-feira, 14 de março de 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)